Archive for 2012

Prefiro o Amor

quarta-feira, 31 de outubro de 2012 § 0


Prefiro ser feliz, mesmo que de um jeito meio diferente. Prefiro lutar por um amor difícil, mas valoroso. Ainda que por um tempo eu ame sem ser amado, prefiro me dedicar de coração ao que de bom pode estar guardado.
Prefiro me entregar, entregar meus sentimentos, sem medo de sofrimentos, do que reservar a quem merece o que de bom está aqui dentro do meu peito. Prefiro amar, amar sem exigências, sem cobrar algo além do que o direito de amar verdadeiramente.
Prefiro ser assim, não ser dono de mim. Prefiro me arriscar, até perder, do que fugir. Prefiro as lágrimas do amor não correspondido do que me contentar em preservar meu coração das aflições do amor.
Prefiro viver por amor, para amar. Prefiro amar, sempre que a vida dá oportunidade. E sempre prefiro dar amor em troca do que vier, às vezes em troca de nada. Prefiro sempre amar para nunca esquecer o quão bom é o amor!


(Wesley Rezende)

Seção Poema – Breves Poemas De Amor

segunda-feira, 29 de outubro de 2012 § 0


I

Há uma semente
Pura e protegida;
Ela vive em mim.
Essa semente precisa do teu brilho
Para brotar, florescer.
Essa semente,
Para permanecer viva,
Precisa viver ao mesmo tempo
Em dois lugares:
Nos nossos corações.


II

O sol se escondeu;
A noite voltou como se não tivesse ido.
Lá fora foi assim porque não te vi.
Mas dentro de mim a luz brilhou;
Luz que alegra o meu coração;
Luz que irradia sem cessar;
Luz que vem de ti,
Ó linda menina!


III

Vi os tempos ficarem mais serenos.
Houve paz na minha alma agitada.
A tua presença me deixou em silêncio,
E assim pude pensar com mais calma.
O que sinto é verdade,
É bem firme,
É gentil;
É certeza de te querer,
É medo de te perder.
É mais além,
E é apenas para você!


IV

As nuvens me rodearam;
Brisas trouxeram perfumes raríssimos.
No céu de ternura me encontrei...
Nos teus abraços
Eu senti paz,
Nos teus lábios
Senti o doce sabor
Dos mais belos sonhos.
Nas tuas mãos
Senti a segurança
De virtudes exuberantes!


V

Menina, menina bonita,
De jeito gracioso
E falar encantador!
Corre em meu ser
O néctar da alegria,
Que jorra sem medida
Da fonte do nosso amor!


VI

Toda hora agora é hora
De pensar em você.
Todo tempo agora tende
Em parar com teu sorriso.
Tudo é mais,
E mais será
Se Deus nos abençoar.

(Wesley Rezende)

Seção Poema — Chuviscos

segunda-feira, 6 de agosto de 2012 § 1

Chuviscos

Na areia do sertão nadava a menina
Sonhando de dia com noites tranquilas.
Felizes as noites de várias magias,
De grilos cantantes e cabras berrantes.
As luzes gritantes diriam à menina:
Amanhã será rico de constantes brisas.

(Wesley Rezende)

Seção Micro — A Vida dos Outros

terça-feira, 26 de junho de 2012 § 0

A Vida dos Outros

A vida viveu vivendo as vidas verdadeiras e vendo as vontades das vidas vizinhas numa vizinhança de varanda.

(Wesley Rezende)

Seção Poema — Imagem Viva

quarta-feira, 16 de maio de 2012 § 2

Imagem Viva

Deram a notícia equivocada
e inevitavelmente cresceu algo
opaco e desavisado no olhar
despretensioso dos surpreendidos.

Criaram-se mundos multiformes
com vilões mutantes, irreconhecíveis.
Tudo em tempos e dimensões relativos
à duração das ondas de uma mentira.

(Wesley Rezende)

Análise — A Poesia de Gregório de Matos

domingo, 6 de maio de 2012 § 0

Os traços da poesia de Gregório de Matos são fiéis aos padrões conceituais do Barroco. Essa íntima ligação não poderia ser diferente, uma vez que ele firmou-se como o primeiro poeta brasileiro, e a sua poesia serviu de objeto para delimitar-se as características do período literário em questão.
O cultismo, ou seja, composições em que rima, métrica, ritmo e formas são indispensáveis, e servem para enfatizar as representações poéticas e ideológicas utilizando-se exaustivamente de figuras de linguagem e de pensamento, está presente na obra de Gregório de Matos. Como podemos observar em “Aos afetos e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem”, um soneto com versos decassílabos e rimas interpoladas, no qual encontramos antíteses “Ardor/pranto”, “fogo/neve”; paradoxos “Incêndio em mares...”, “Rio de neve em fogo...”; e metáforas “fogo” e “neve”, que representam a relação inconstante com a dama.
Mas não podemos nos esquecer de enfatizar as representações ideológicas.  Gregório de Matos utilizava-se da poesia para expressar sua insatisfação com a relação metrópole/colônia. Em sua poesia satírica expôs a revolta pela exploração incessante, como percebemos no trecho “Valha-nos Deus, o que custa / O que El-Rei nos dá de graça, / Que anda a justiça na praça / Bastarda, vendida, injusta”. Ora, mas Gregório defendia também suas convicções religiosas, o que talvez seja uma característica poética adquirida em seu convívio com os jesuítas: “Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, / Cobrai-a; e não queirais, pastor divino, / Perder na vossa ovelha a vossa glória”.  
Por fim, o que sempre aparece numa antologia, intencionalmente ou não, o lirismo. O poeta barroco não deixou de expressar suas angústias por causa do amor não correspondido, e também seu gosto pela beleza feminina:
 
“Parece aos olhos ser de prata fina?
Vês tudo isto bem? Pois tudo é nada
À vista do teu rosto, Caterina.”
(Gregório de Matos)
(Gleiciele Ap. Ferreira e
Wesley Rezende)

Seção Poema — Eu Gorila

§ 0

Eu Gorila

De forma informal meu sono pesado
findou meu desejo por sonhar acordado.
Meu dia é concreto em minha vida perdida;
o presente é composto de alegrias banidas.
De maneira casual, sofro em noites tranquilas
com pesadelos que, nas manhãs tardias,
me fazem acordar como um gorila.

(Wesley Rezende)

Seção Poema — Remoto

domingo, 29 de abril de 2012 § 0

Remoto

Eu olhei para os lados
Não encontrei escape
Não existia alvo
Para toda a angústia

Poderia mil coisas
Mas nenhuma ao alcance
Faltavam objetos
Para absorver tristeza

Violão desafinado
Com braço empenado
Não podia expressar
Aquela ingratidão

Som estragado
CD arranhado
Fiquei sem música
Para anestesiar a dor

Não havia caminho
Pro progresso das lágrimas
Não havia papel
Para rimas e versos

Havia amplo espaço
Silêncio marcante
Amigos distantes
Arrependimento

(Wesley Rezende)

Seção Poema — Sessão

terça-feira, 17 de abril de 2012 § 2

Sessão

No momento lento tento
perturbar meu sentimento.
Essas paixões inconsequentes
perdurarão? Não!
Por pouco tempo...
Num instante interessante
tornar-me-ei o homem constante.
Essa massiva passividade
se deteriorará amanhã.

(Wesley Rezende)

Seção Poema — Sozinha

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Sozinha

Na minha vida sozinha
a morte meiga se aproxima
e encanta-me com mentiras
que conta a todos os meninos.

Maltrata-me esta vida
que escarnece dos meus planos;
destrói com ternura minha honra
e impede que me torne homem.

Mente cansada num corpo juvenil!
Sou um velho canceroso.
Sou criança desprotegida
que chora pelos cantos, sozinha.

(Wesley Rezende)

Seção Poema — Uma Poesia

terça-feira, 3 de abril de 2012 § 0

Uma Poesia

Selecionei doze palavras;
organizei quatro versos irregulares.
Sem metáforas demonstrei
meu amor.

(Wesley Rezende)

Seção Poema — No Estudo

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No Estudo

Marco o tempo o tempo todo;
Cuidado louco com meu tempo pouco.
Deste meio, meio ouço, meio rio;
Carinho sempre por diversos desvarios.

Cada tolo cala tudo;
Fala muito todo bobo.
Todo dia atraso assim
As ideias de chegar ao fim.

(Wesley Rezende)