Análise — "A Dama Branca", de Manuel Bandeira

sexta-feira, 3 de junho de 2011 § 0

As estrofes se restringem a quatro versos. Isso transmite a ideia de restrição de vida, resultado do contato ou proximidade da morte. Essa ideia de perca também é evidenciada nas estrofes em que os versos não concluem as nove sílabas poéticas, preponderantes na obra. Esses versos "incompletos", quase sempre, contêm quatro sílabas poéticas — quantia de versos das estrofes.
No poema ocorrem rimas agudas, graves e esdrúxulas, dispostas alternadamente. No entanto, ocorrem exceções na quarta e sexta estrofes. Na quarta estrofe ocorre a única rima entre palavras proparoxítonas. Isso demonstra a tentativa de aprofundar-se no universo para conhecê-lo.
Ainda na quarta estrofe, a "Dama Branca" é denominada somente por "Dama". Estabelece-se, então, a relação dicotômica "Dama Branca"/"Dama".
A partir disso, pode-se dividir o poema em três partes. Na primeira — as três primeiras estrofes — está presente a "Dama Branca", que é uma metáfora relativa à brandura (irônica ou dissimulada) ou ilusão na relação com o "eu" poético. Na segunda parte, a ilusão cessa e o "Branca" dá lugar a adjetivos pejorativos. Por fim, na terceira parte — as duas últimas estrofes — ocorre a retomada das características iniciais. Essa alternância demonstra impotência diante do constante engodo da morte.

Wesley Rezende

What's this?

You are currently reading Análise — "A Dama Branca", de Manuel Bandeira at Eta literatura!.

meta