As Palavras, o Dicionário e a Insensibilidade Humana

sexta-feira, 4 de março de 2011 § 0


As palavras são a essência da linguagem escrita, por meio delas expressam-se sentimentos e estados, descrevem-se objetos e qualidades. Por conseguinte se estabelece uma comunicação, a priori, entre o próprio autor e seu texto e, depois, com os demais leitores.
Diferentemente da comunicação presencial, na qual se pode utilizar diversos tipos de linguagem ao mesmo tempo (oral, gestual, facial, e etc.), a linguagem textual estrutura-se exclusivamente nos significados das palavras, em si, e na mensagem que sua organização sequencial transmite.
Às vezes, pela conveniência, o espaço destinado para se escrever é limitado. Isso obriga ao escritor a selecionar uma quantidade mínima de palavras que o possibilite expressar suas ideias. Para se encontrar palavras com significados mais amplos ou específicos, que cumpram o fim proposto, é necessário que haja um entendimento comum a todos a respeito delas. E nada mais prático do que um arquivo acessível para convencionar a ortografia e significados de termos; trazendo confiança nas inter-relações, permitindo a absorção integral das opiniões contidas num texto.
 O dicionário é um conjunto de vocábulos duma língua ou de termos próprios duma ciência ou arte, dispostos, em geral, alfabeticamente, e com o respectivo significado, ou a sua versão em outra língua (1). Trata-se de uma ferramenta indispensável para a comunicação verbal. No cotidiano, é impossível ter contato com todas as palavras e memorizá-las com seus significados. Além disso, o dicionário pode ser alterado conforme novas correntes de pensamento, ou expandido com a inserção de novos termos, neologismos.
Entretanto, o surgimento de neologismos não desqualifica o arquivo já existente. Atualmente, os dicionários são suficientemente capazes de cumprir sua função. Portanto, não é uma questão de necessidade coletiva que incentiva a criação de novas palavras, mas sim, uma deficiência individual no conhecimento linguístico, um sentimento de desprezo ou inquietude quanto às convenções, ou então, um divertimento com a criação duma linguagem paralela a usual. E isso pode ter o objetivo de comunicar-se ou excluir uma terceira pessoa da conversação.
No entanto, a disseminação ampla desses neologismos não carrega consigo as ideologias ou simpatias de seus criadores. As palavras são usadas sem nenhum tipo de memória, gratidão ou reconhecimento a outrem. Elas são usadas por causa da necessidade – a necessidade é mais importante do que as palavras.
Embora sem sentimentalismo intrínseco, as palavras são extremamente misteriosas e simpáticas, explícitas e asquerosas, objetos maleáveis entre contextos, e indiscretas em divulgar os segredos da mente humana.  

(1)  Extraído do Dicionário Aurélio On-line.


Wesley Rezende

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